Além da tradução simultânea para português e espanhol, que comumente ocorre nos eventos da ISP, o encontro da primeira sexta-feira do mês (1) contou também com a presença de intérpretes de Libras e de LSE (linguagem gestual espanhola). Os participantes também treinaram a auto–descrição, prática importante para conversas com pessoas com deficiência visual.

O encontro também fez parte do projeto Luta contra a Desigualdade da ISP apoiado pela DGB da Alemanha, que incluiu afiliadas de diversos países da América Latina. Sobre a população PCD, o projeto debateu a criação de um comitê específico para este grupo, que dê suporte aos trabalhadores dos serviços públicos na construção de ambientes de trabalhos mais inclusivos e seguros.

Durante o evento, convidados de diferentes países falaram sobre as suas percepções onde vivem em relação à contratação e o dia-a-dia de pessoas com deficiência em ambientes de trabalho. Lucho Flores, representante da Associação Nacional dos Empregados Públicos e Privados - ANEP para a Costa Rica, contou que entre a população PCD do país, 75% está desempregado atualmente e comparou ter deficiência com estar na linha da pobreza. Flores também enfatizou que deficiência não é só uma questão física e que enquadra também pessoas no espectro autista, ataque de pânico, depressão e até ansiedade, deixando claro que não é porque não vemos uma deficiência que ela não existe.

Já na Colômbia, segundo Henry Gonzalez representante Andino pela UNEP, apenas 1% da população PCD trabalha em funções públicas. Mesmo com as leis de cotas, a projeção é que 4% da população com deficiência exerça essas mesmas funções até 2027. Junto com Lucho Flores e Henry Gonzalez, Karem Resende da SINTRASEB completa o trio de representantes oficiais de pessoas com deficiência da ISP. Na sua fala, Resende fez uma reflexão importante sobre como é necessário fazer com que os direitos das pessoas com deficiência sejam de conhecimento geral, ela diz: “ Como é que nós vamos saber se estão sendo violados os nossos direitos? Sabendo qual tipo de tecnologia assistiva vai me permitir trabalhar com dignidade e tendo um sindicato forte, que lute comigo, posso garantir que eu tenha os meus direitos.”.

Os três representantes PCD - Flores, Gonzalez e Resende - citaram a frase “nada sobre nós, sem nós”, que fala sobre a importância da inclusão. Não basta falar sobre pessoas com deficiência, é preciso incluí-las em todos os debates que tratem dos seus direitos. O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, 3 de dezembro, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), existe para refletirmos sobre o papel fundamental da inclusão em nossas sociedades. O tema da ONU deste ano, "Unidade para resgatar e alcançar os ODDs para, com e por pessoas com deficiência", está alinhado com os esforços recentes da ISP durante seu 31º Congresso Mundial.