Sindicalistas indígenas se reúnem para discutir direitos e resiliência

O Comitê Interamericano de Combate ao Racismo e à Xenofobia da PSI destaca o Dia Internacional dos Povos Indígenas do Mundo na Reunião Virtual

Em uma conjunção de vozes e experiências, líderes sindicais indígenas de diversas nações se reuniram virtualmente em um evento histórico para discutir seus direitos, a resiliência cultural e a luta contínua contra o racismo e a xenofobia.

Sob a coordenação do Comitê Interamericano de Combate ao Racismo e Xenofobia da Internacional dos Serviços Públicos (ISP), a reunião quis destacar o Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado anualmente em 9 de agosto desde 1995.

Agripina Hurtado, figura central e coordenadora do Comitê de Combate ao Racismo e Xenofobia, exerceu o papel de mediadora, unindo representantes de variados países e culturas indígenas. Um mosaico de perspectivas emergiu, revelando os desafios e triunfos compartilhados por esses grupos frequentemente marginalizados.

A presidenta da Confetam e representante brasileira no comitê, Jucélia Vargas, lembrou que a contribuição da luta sindical contra racismo e xenofobia está no fortalecimento das organizações sobre as pautas de igualdade de oportunidades no mundo do trabalho e na economia para os povos indígenas e afrodescendentes. A reunião também ecoou com vozes femininas resilientes. Sandra Marin, presidenta da Associação Nacional das Empresas Financeiras (ANEF) e representante do povo Mapuche do Chile, evocou a diversidade dos povos presentes e a importância da história dos povos indígenas e sua luta contra a invisibilidade histórica e cultural. Marin enfatizou a ameaça à cultura e língua dos povos indígenas em seus próprios territórios e criticou a resposta insuficiente por parte dos governos.

Líder da Corporação de Mulheres Mapuche, Ana Tragolaf, falou sobre as violências sofridas diariamente e a intersecção com o machismo que afeta as mulheres indígenas, “isso obedece a uma visão de que quando a mulher começa a ocupar um lugar importante, que não é só doméstico, não consideram nunca.”.

Lucia Fernanda Sales, mestra em Direito e doutoranda em Arqueologia, representando o povo Kaingáng do Sul do Brasil, com seu estudo lançou luz sobre a atuação do país em relação aos povos indígenas. Em protesto, também ecoou preocupações acerca do caso das deputadas brasileiras, vítimas de ameaças de cassação de mandato devido à oposição ao Projeto de Lei do Marco Temporal. Como em uma viagem pela América Latina, a representante Montúvia, do Equador,

Mercedes Cardenas Palma, compartilhou um vídeo sobre os esforços da Fundação Mujeres Sin Límites Tungurahua, instituição que ela dirige, em prol do empoderamento físico e emocional feminino.

Como um dos organizadores, Renan Puc Chi, secretário geral do Sindicato Único dos Trabalhadores Profissionais Administrativos e Manuais do Poder Judiciário do Estado de Yucatán - SUTPAMPJY, apresentou um outro vídeo inspirador sobre Julia Chan Xicum, primeira mulher maia de Chumayel - México a conquistar um diploma universitário. No vídeo, Chan Xicum diz ter sido a primeira “rebelde” de sua cidade, “eu terminei o terceiro ano do primário e não tinha esperanças de uma vida melhor, diferente do que conhecia meu povo (...) não sabia se queria saber mais ou comer mais, mas dizia ‘eu quero ir a essa escola”.

O evento também deu espaço a visões de futuro. Luís Fernando Xaman Lopez, representante do Comitê de Jovens e estudante de Direito, apresentou um ambicioso projeto de tradução de leis para idiomas indígenas, visando tornar a legislação mais acessível e inclusiva.

Na conclusão da reunião, Agripina expressou gratidão e enfatizou a importância de envolver jovens em futuras discussões. A rica troca de experiências, culturas e histórias de resiliência e luta transmitiu uma mensagem poderosa sobre a preservação de idiomas, tradições e identidades. A celebração do Dia Internacional dos Povos Indígenas reforça assim um compromisso da ISP com um futuro inclusivo e equitativo para todas as comunidades indígenas.