ISP condena fortemente a tentativa de golpe perpetrada por terroristas bolsonaristas no Brasil

Neste domingo, 08 de janeiro, um grupo de terroristas bolsonaristas invadiu e depredou as sedes dos poderes da República brasileira, em tentativa de golpe de estado. Presidente Lula decreta intervenção federal na segurança do Distrito Federal, unidade federativa responsável pela segurança da capital. Quase 300 são presos

Há uma semana, mais de 200 mil pessoas ocupavam a praça dos Três Poderes em Brasília, capital do Brasil, para assistir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito democraticamente para o seu terceiro mandando. Desde então o Brasil e o mundo vêm assistindo manifestações golpistas de alas mais radicais do bolsonarismo, movimento inspirado e incentivado por Jair Bolsonaro, ex-presidente. Essas ameaças chegaram ao ponto mais grave neste domingo, dia 8 de janeiro de 2023, exatamente uma semana após a grande festa democrática que empossou Lula, quando golpistas invadiram a sede dos poderes da República Federativa do Brasil, o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto, este último sede do poder executivo.

Por volta das 14h, bolsonaristas golpistas tomaram a praça e passaram a invadir os prédios, depredando o patrimônio público, símbolos da democracia brasileira. Imagens mostram ainda que o grupo de terroristas chegaram à Esplanada dos Ministérios escoltados pela polícia militar e a invasão da sede dos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) ocorreu sob mínima resistência policial. As notícias veiculadas apontam possível omissão ou até cumplicidade do Governador e do Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, ex-ministro da justiça de Bolsonaro, que foi exonerado poucas horas após o início da tentativa de golpe.

Após algumas horas de invasões e depredações transmitidas ao vivo pelos terroristas em canais digitais e acompanhadas pela imprensa mundial, as forças de segurança retomaram, inicialmente, o controle do Supremo Tribunal e do Palácio do Planalto e logo depois da Câmera Federal e da sede do Senado. Até as 19h da noite deste domingo (08), pelo menos 300 terroristas haviam sido presos.

Rosa Pavanelli Secretária-geral da ISP

Não é mera coincidência que o simulacro brasileiro da invasão do Capitólio tenha acontecido praticamente no mesmo dia da invasão do Capitólio dos EUA há dois anos.

O Presidente Lula decretou intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal como forma de restabelecimento da ordem pública. O Secretário Executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, foi nomeado como interventor até o dia 31 de janeiro. Lula já está em Brasília e se reunirá com o gabinete de crise para avaliar as consequências da invasão e tomar medidas adicionais para além da decretação da intervenção. Os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados ordenaram a criação de um grupo de coordenação da crise que será responsável pela reorganização dos trabalhos do congresso, que foi chamado a interromper o recesso parlamentar e voltar a Brasília já na segunda-feira, dia 09 de janeiro.

A Internacional de Serviços Públicos (ISP), sindicato global que representa 30 milhões de trabalhadores em todo o mundo, repudia veementemente o ataque golpista em Brasília orquestrado por grupos que não aceitam o legítimo resultado das eleições.

"Não é mera coincidência que o simulacro brasileiro da invasão do Capitólio tenha acontecido praticamente no mesmo dia da invasão do Capitólio dos EUA há dois anos. Não é mera coincidência que Bolsonaro esteja atualmente na Flórida e tenha até considerado ficar em Mar-a-Lago, de propriedade de Donald Trump. E que o ex-ministro da Justiça da Bolsonaro - que desde o início do ano também é responsável pela segurança em Brasília - também esteja lá. Não é mera coincidência que a polícia de Brasília tenha até mesmo escoltado por 6 quilômetros aqueles que perpetrariam o ataque. O fascismo não conhece fronteiras, especialmente quando está encurralado. Cabe ao povo brasileiro estar vigilante e defender a democracia. E cabe a Lula mostrar a liderança necessária para restaurar a confiança e a confiabilidade nas instituições democráticas: fazendo com que todos os responsáveis pela agitação e aqueles da força policial que têm sido condescendentes paguem por seus crimes", diz Rosa Pavanelli, secretária-geral da ISP.

“Fica mais nítido o significado do bolsonarismo: terroristas. Se dizem patriotas, mas não passam de golpistas, vândalos, que não aceitam o Estado democrático de direito. A ISP se soma a todas as organizações democráticas do mundo no repúdio a esse ato fascista e exige punição dos responsáveis, em particular dos líderes políticos e financiadores dessas manifestações golpistas”, declarou o secretário regional da ISP para Interamérica, Jocelio Drummond.

“Não aceitaremos que o legítimo resultado das eleições no Brasil seja desrespeitado e utilizado como argumento para tentativas criminosas de golpes. Defendemos todas as formas de manifestação, desde que essas sejam pacíficas e legítimas, o que não é o caso. Defenderemos o diálogo social e o respeito as instituições democráticas, mas jamais admitiremos a impunidade. Seguiremos lutando em prol das pautas sindicais e por serviços públicos de boa qualidade, diante do governo eleito e legítimo”, afirmou a subsecretaria regional para o Brasil da ISP, Denise Motta Dau.