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Organização Sindical ISP apoia encontro nacional dxs trabalhadores da Saúde Indígena no Brasil
O Brasil possui hoje 305 povos indígenas que contam com a atenção de 17.400 trabalhadorxs da saúde, que, por atuarem em contextos culturais diferenciados e em locais de difícil acesso, ficam ainda mais expostos aos riscos já inerentes à profissão.
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Mayra Castro
Com o objetivo de reunir trabalhadorxs do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS), o Sindicato Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras da Saúde Indígena (SINDCOPSI) promoveu o 9º Encontro Nacional dos Trabalhadores da Saúde Indígena, entre os dias 26 e 28 de setembro, na cidade de Paulo Afonso, interior do estado da Bahia.
O evento, que teve como lema “Por Um Modelo de Gestão da Força de Trabalho na Saúde Indígena”, contou com o apoio da SASK, organização finlandesa de cooperação de desenvolvimento do movimento sindical, e coordenação da ISP, que esteve representada pelo seu Secretário Sub-regional para o Brasil, João Cayres.
"Esse modelo de encontro que realizamos anualmente tem como expectativa reunir o máximo de trabalhadores que atuam em diferentes contextos. Esse intercâmbio ajuda muito a pensar estratégias e diretrizes que possam orientar as instituições nessa relação de trabalho", afirma Carmem Pankararu, presidenta do SINDCOPSI.
Números-chave
De acordo com dados de 2022, o Brasil possui hoje uma a população indígena de 1,7 milhão de pessoas, o que representa 0,83% do total de habitantes.
305
povos indígenas
274
línguas diferentes
17.400
trabalhadorxs de saúde indígena
Para a presidenta do sindicato, o encontro foi também uma oportunidade de reunir entidades de representação de classe e reafirmar a importância da organização sindical na luta pelo direito constitucional do trabalho no SasiSUS.
"Conseguimos trazer o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Federal e entidades que estão discutindo melhores condições para os trabalhadores e melhores formas de contratação. Além disso, trouxemos um tema relacionado ao momento que estamos vivendo: a adoção de um novo modelo de gestão do trabalho e da educação na saúde para o SasiSUS. Apontamos diretrizes para o fortalecimento do SasiSUS, bem como para a garantia dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras da saúde indígena, reafirmando o papel estratégico e a importância do sindicato específico de representação dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde indígena diante do atual contexto."
Ela lembra que o acompanhamento e fiscalização do trabalho são fundamentais para fortalecer o espaço e os processos de trabalho dos profissionais da saúde indígena, que atuam em contextos totalmente diferenciados e em locais de difícil acesso.
"É preciso pensar em condições dignas de trabalho, em logística segura, e diminuir os riscos que esses trabalhadores enfrentam, porque eles atuam dentro dos territórios indígenas, em uma relação cultural diferenciada. Muitos trabalham na Amazônia Brasileira, onde é preciso fazer longas caminhadas e depender de vários tipos de transporte para chegar ao local de trabalho", conta a líder sindical.
O Brasil tem hoje 305 povos indígenas das mais diversas etnias, que falam 274 línguas diferentes. Esses povos contam com a atenção de 17.400 trabalhadores e trabalhadoras da saúde indígena.
Carmem Pankararu ainda afirma a importância de políticas específicas de atendimento para as populações indígenas. "O SUS atua, mas é totalmente diferente fazer atenção básica dentro de um território de comunidade tradicional e fazê-la no bairro de uma cidade onde há muito mais acessos. Então, precisamos complementar e integrar as ações, e às vezes essa integração não é tão simples de fazer. Antes de chegarmos à rede SUS, precisamos passar por todo o processo de logística, que às vezes onera muito o estado brasileiro. Os trabalhadores que estão ali, frente a esses desafios dentro das comunidades, são os que sentem primeiro o impacto."
"A ISP, como federação global dos trabalhadores dos serviços públicos, preocupa-se com a questão da saúde indígena e, em especial, com os trabalhadores e trabalhadoras da área. Por isso, continuará trabalhando para fortalecer sua organização sindical no Brasil por meio do sindicato que os representa", afirmou João Cayres.