Fim do governo Bolsonaro é a esperança para o Brasil

A eleição deste ano no Brasil pode representar o fim do governo de Jair Bolsonaro, e o início de mais um governo democrático popular

Após 30 meses do início da pandemia de Covid-19 no país, o Brasil já registrou mais 682 mil mortes causadas pela doença. Só no primeiro ano, quando ainda não estavam disponíveis as vacinas, estima-se que cerca de 120 mil mortes ocorridas poderiam ter sido evitadas (de março de 2020 a março de 2021). Sabe-se que muitas mais poderiam ter sido impedidas caso o governo brasileiro tivesse adquirido as vacinas com a agilidade que a grave situação exigia.

Acometendo todos os países do mundo de maneira profunda desigual, os agravantes da pandemia no contexto brasileiro foram o negacionismo à ciência, a mentira como prática e método político e as constantes violações aos direitos humanos praticadas por um governo federal completamente descomprometido com a vida. Essas são as bases das denúncias feitas pela Internacional dos Serviços Públicos – ISP contra com o gov. Bolsonaro na Organização Internacional do Trabalho - OIT, na Organização dos Estados Americanos - OEA, no Tribunal Permanente dos Povos e no apoio à denuncia feita no Tribunal de Haia.

Por isso, a eleição deste ano, que traz como perspectiva o fim do governo de Bolsonaro, é o lugar de esperança de um Brasil melhor. Como vem acontecendo em outros países da região, a expectativa é eleição de um governo progressista e de esquerda, representado pela candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “O fato é que a maior parte dos governos latinos mudaram de cor, e que agora estamos vivendo novos governos progressistas que defendem a justiça social e a ideia de uma maneira diferente de desenvolvimento, mas também que podem estar mais próximos dos trabalhadores, defendendo seus direitos”, afirmou a Secretária Geral da ISP, Rosa Pavanelli, durante o encontro Sub-Regional do Brasil, realizado entre os dias 10 e 11 de agosto, em São Paulo.

“É claro que no caso do Brasil temos uma grande esperança de que as coisas também possam mudar. Porque o que aconteceu no Brasil sob o governo de Bolsonaro é inaceitável. Nós já sabemos o quanto a ISP lutou contra esse governo. Por isso, é muito importante que estejamos muito comprometidos com essa eleição para a mudança no Brasil. E isso será muito importante para podermos mudar o quebra cabeça de forças na América Latina e para pensarmos de outra maneira os direitos dos trabalhadores”, completou Pavanelli.

Para trabalhadorxs dos serviços públicos, que estiveram na linha de frente do combate à pandemia, o impacto das ações e omissões do negacionismo pautado pelo governo federal colocaram em risco muitas vidas, e impuseram condições de trabalho terríveis. “O que a gente espera agora é uma mudança, porque esse governo definitivamente se esgotou. A classe trabalhadora, não só da saúde, precisa disso nesse momento. O nosso direito à democracia respeitado, nosso direito de participação nos espaços de diálogo reconhecido, com pleno respeito às entidades que representam os trabalhadores”, proclamou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Saúde – CNTS, Valdirlei Castagna.

A crise econômica causada pela pandemia da Covid-19 que atingiu quase todo o mundo também se apresentou pior no Brasil em decorrência das ações genocidas do governo federal, com pouco investimento nos setores mais afetados, má administração do orçamento público e até de denúncias de corrupção no Ministério da Saúde. Jucélia Vargas, presidente da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT) e coordenadora do Comitê de Combate ao Racismo e Xenofobia da ISP na região Interamérica, explica que “a pandemia ampliou a desigualdade no Brasil, porque antes mesmo da pandemia nós já não tínhamos garantido investimento em políticas públicas, como consequência da PEC que congelou os investimentos em saúde e educação”.

Para Benedito Augusto, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS/CUT), o Brasil foi vitima não só da pandemia, mas também da ascensão da extrema direita ao poder. “Nós vivemos duas tragédias conjuntas: a pandemia, que impactou muita gente, e a chegada do autoritarismo ao poder, com a diminuição do Estado, com o pouco que conquistamos sendo destruído. Então o próximo período precisa ser de uma recomposição social, estrutural e existencial”, afirmou.

 As eleições no Brasil acontecem em outubro deste ano.