Cuidar de nossas enfermeiras agora para cuidar do futuro

Durante a pandemia da COVID-19, as enfermeiras estavam na linha de frente da resposta global. Os governos pediram que batêssemos palmas para elas e para outros profissionais de saúde, mas não tomaram medidas concretas, fazendo com que os aplausos soassem em vão.

Em 12 de maio, enfermeiras de todo o mundo comemorarão o Dia Internacional das Enfermeiras. Compreendendo 59% da força de trabalho global de saúde e cuidados, a força de trabalho de enfermagem ocupa um papel fundamental nos esforços para concretizar a assistência universal à saúde e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs).

Apesar disso, os governos não conseguiram fazer os investimentos e as escolhas políticas necessárias para garantir o bem-estar físico, mental e social das enfermeiras. Isso tem efeitos debilitantes sobre a força de trabalho de enfermagem e também prejudica a possibilidade de garantir um futuro saudável e melhor para a humanidade. Essa situação é inaceitável. Mas podemos mudá-la, com ações coletivas e persistentes.

Enfermeiras em todo o mundo

Pelo menos uma em cada oito enfermeiras exerce a profissão em um país diferente daquele onde nasceram ou onde foram treinadas para se tornarem enfermeiras

59%

da força de trabalho global de saúde e cuidados

6mi

é a escassez global de enfermeiras

89%

dessas estão em países de baixa e média renda

Há uma escassez global de cerca de 6 milhões de enfermeiras. 89% deles estão em países de baixa e média renda. A força de trabalho de enfermagem é insuficiente, deixando as enfermeiras disponíveis sobrecarregadas de trabalho. Isso leva a altos índices de esgotamento e torna a profissão de enfermeira pouco atraente para os jovens. Nos locais com maior escassez de enfermeiras, ainda encontramos muitas enfermeiras desempregadas, e a maioria das enfermeiras não consegue levar o salário para casa. Várias afiliadas de enfermagem da ISP sofreram repressão do governo por defenderem as preocupações de seus membros.

Os governos não consideraram o impacto da pandemia da COVID-19 sobre a saúde mental e o bem-estar das enfermeiras

Um número significativo de enfermeiras em países desenvolvidos com populações envelhecidas são migrantes de países com extrema necessidade de enfermeiras. No mundo de hoje, pelo menos uma em cada oito enfermeiras exerce a profissão em um país diferente daquele onde nasceu ou onde foi treinada para se tornar enfermeira. Muitas delas, que migraram por meio de agências de recrutamento, enfrentam superexploração e condições desmoralizantes.

Em todo o mundo, as enfermeiras continuam enfrentando violência no local de trabalho. Muitas estão cuidando de pessoas em zonas de conflito, correndo grande risco de vida. No entanto, isso é pouco valorizado pelos governos e outros tomadores de decisão. Por quanto tempo isso continuará?

Durante a pandemia da COVID-19, as enfermeiras estavam na linha de frente da resposta global. Os governos pediram que batêssemos palmas para elas e para outros profissionais de saúde, mas não tomaram medidas concretas, fazendo com que os aplausos soassem em vão.

Os governos não consideraram o impacto da pandemia da COVID-19 sobre a saúde mental e o bem-estar das enfermeiras, muitas dos quais ficaram traumatizadas com a experiência descrita como estando em uma frente de guerra em alguns países, no auge da pandemia.

Os governos não cumpriram os compromissos assumidos de investir na enfermagem para garantir um número adequado de enfermeiras com trabalho decente. Esses compromissos incluem as recomendações da Comissão de Alto Nível das Nações Unidas sobre Emprego em Saúde e Crescimento Econômico (UN-COMHEEG), na qual a ISP atuou como a voz global dos profissionais de saúde e cuidados.

Antes do surto de COVID-19, a Assembleia Mundial da Saúde havia declarado 2020 como o Ano Internacional da Enfermeira e da Parteira, em homenagem e valorização do trabalho da força de trabalho de enfermagem. Mas, para as enfermeiras, todo dia é dia de cuidar dos outros. Já é hora de fazermos com que os tomadores de decisão garantam que as enfermeiros sejam cuidadas.

Exijamos, a uma só voz, investimentos em enfermagem para garantir um número adequado de enfermeiras bem treinadas e bem remuneradas; direitos trabalhistas e sindicais para os sindicatos de enfermeiras; tolerância zero para a violência no setor de saúde; insistamos para que os governos e os insurgentes respeitem que as enfermeiras e outros profissionais de saúde não são alvos; asseguremos que, quando houver migração de enfermeiras, ela seja feita em bases justas e éticas.

A ISP está trabalhando com seus afiliados em todo o mundo para conquistar isso e muito mais. Em nosso relatório sobre saúde mental e saúde no setor público, destacamos o impacto das políticas neoliberais, dos salários baixos e das péssimas condições de trabalho sobre o bem-estar dos profissionais de saúde, inclusive as enfermeiras. Os sindicatos de enfermeiras em diferentes partes do mundo compreendiam um número significativo de afiliados da ISP nos países que foram estudos de caso.

Não ficamos apenas na análise; estamos agindo. Podemos fazer mais e vencer quando nos unimos em solidariedade, como fazemos hoje e sempre para marcar o Dia Internacional da Enfermeira de 2024.