Comitê de Mulheres da ISP Brasil participa da campanha "21 Dias de Ativismo"

Desde 1991, uma mobilização educativa e de massa, conhecida inicialmente como 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, tem jogado luz sobre essa luta. Atualmente, 159 países, a partir do dia 25 de novembro (Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres), têm discutido a erradicação da violência de gênero e a importância de políticas públicas que garantam os direitos das mulheres a uma vida plena, sem agressões ou discriminação.

No Brasil, a campanha tem o começo antecipado: 20 de novembro (Dia da Consciência Negra). Isso porque as mulheres negras ainda são as que mais sofrem com a desigualdade de gênero e com a violência. De acordo com dados levantados pelo Monitor da Violência, dos 889 homicídios de mulheres com a raça informada que aconteceram no Brasil durante o primeiro semestre deste ano, 650 (73%) foram cometidos contra mulheres negras. No caso dos feminicídios, as mulheres negras representam 60% do total.

Sendo assim, o Comitê de Mulheres da ISP no Brasil está participando da campanha "21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres". Vivemos no país uma situação muito difícil e que precisa ser enfrentada. O atual governo misógino tem promovido o retrocesso de políticas públicas voltadas para as mulheres, fruto de décadas de luta. Como se isso não bastasse, a pandemia de Covid-19 fez com que muitas mulheres passassem a ficar em casa isoladas com seus agressores. O resultado disso foi um aumento expressivo no número de casos de violência.

Segundo o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, a quantidade de denúncias de violência contra as mulheres recebidas no canal 180 cresceu quase 40% ao compararmos o mês de abril de 2020 e 2019. Por outro lado, o número de registros de violência doméstica feitos nas delegacias caiu 9,9% no primeiro semestre de 2020 em comparação a igual período de 2019. Mais um efeito perverso que as medidas de isolamento social, necessárias para conter a pandemia, tiveram sobre as mulheres.

Para discutir a situação e maneiras de enfrentarmos a violência de gênero, o Comitê de Mulheres da ISP no Brasil preparou uma programação para esses 21 dias de ativismo. Além do material que será distribuído nas redes sociais referente ao Dia da Consciência Negra (20 de novembro), Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres (25 de novembro), Dia Mundial de Combate à AIDS (1º de dezembro) e Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 de dezembro), no dia 3 de dezembro, das 17h às 19h, acontecerá o webinar “21 dias de ativismo contra a violência de gênero: Você sabe como enfrentar a violência no trabalho?”

Nessa atividade, discutiremos essa outra vertente da violência contra a mulher, que inclui o assédio moral e sexual nas empresas e no setor público, divisão sexual no trabalho e cultura do estupro.

Dessa forma, conseguiremos compreender as inter-relações entre a violência de gênero e as crises sanitária, política e econômica que vivemos e buscarmos soluções que, de fato, contemplem a defesa dos nossos direitos, a luta pelo fim da violência contra as mulheres, e a implementação de políticas públicas comprometidas com o enfrentamento das desigualdades.